Ordem Rosacruz, AMORC versus

Gary L. Stewart

Reorganização Rosa-Cruz 1990: P & R
(Perguntas e Respostas)

Page 4
  P & R:
Entrevista com o Imperator Stewart, Segunda Parte:
O Ciclo de 108 Anos Examinado







Cross of the Rosicrucian Brethren

 
In Portuguese:
Entrevista com o Imperator Stewart, Segunda Parte

Note:  Latest Additions Made:  Part 2 on 5/14/99
Latest Additions Made:  Part 1 on 5/14/99

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Com relação aos acontecimentos de 1990, a seguir está a continuação de uma entrevista com o Imperator Stewart realizada a partir de novembro de 1998. As questões aqui formuladas são as mais comumente feitas por aqueles que têm escrito solicitando a posição do Imperator Stewart sobre o que ocorreu. Não haverá editoração e as respostas são aquelas do Imperator Stewart na íntegra.

P. — Imperator Stewart, nós aparentemente estamos na fase ativa do ciclo de 108 anos desde 1909, promovendo a filosofia e a atividade Rosa-Cruz. Pode o sr., por favor, nos transmitir uma compreensão adicional a respeito deste ciclo de 108 anos e o que deveríamos esperar?

R. — Ralph Lewis abordou este assunto de maneira bastante extensa nas décadas de 70 e 80. De forma resumida, ele basicamente disse que porque o mundo era então muito menor em que a comunicação e a informação não eram mais acontecimentos isolados; porque a Ordem era mais unificada e universal em relação a certos aspectos da sua tradição do que ela tinha sido no seu passado; e porque aquilo a que nós nos referimos como (um tanto vagamente, eu diria) civilização estava se aproximando de uma encruzilhada muito importante, o papel que o Rosacrucianismo do futuro (conforme definido dentro dos parâmetros da AMORC) representaria com relação a ajudar no desenvolvimento da espiritualidade humana seria determinado mais pela necessidade do que por qualquer outra coisa. Em outras palavras, uma vez que o mundo hoje é tão diferente do que era há um ou mais séculos atrás, nós não podemos definir ciclos de inatividade e atividade da mesma maneira que podíamos no passado.
No passado, por exemplo, uma linhagem Rosa-Cruz trabalharia através de seu ciclo em determinada região e concluiria sua missão dentro de um determinado período de tempo. Então, ela descansaria e deixaria sua influência se estabelecer e moldar atitudes e acontecimentos. Ao mesmo tempo, contudo, talvez a 100 milhas de distância (que era uma distância impossível para a maioria das pessoas, há meramente poucos séculos atrás), um excitante “novo” movimento e “do qual nunca se ouvira falar antes” estava começando e se chamava “Rosacrucianismo”... Como se deduz, os ciclos não são fixados como às vezes pensamos sobre eles e muito depende da perspectiva, da necessidade e naturalmente do  trabalho de acordo com a Lei Cósmica. Com isto em mente, Ralph tinha a noção de que atuaríamos de acordo com o que fosse necessário quando o tempo chegasse, mas era da opinião de que entrar na “inatividade” significaria pouco mais do que cessar todos os anúncios públicos para afiliação. Novos membros seriam aceitos e trazidos basicamente através de comunicação oral e naturalmente os membros existentes continuariam ainda indo a Convocações e recebendo os ensinamentos, etc.

Acho importante destacar que desde o começo do Rosacrucianismo, nunca houve um período de inatividade no sentido de que o Trabalho tenha cessado ou de que as pessoas foram deixadas sem nenhum suporte. O Rosacrucianismo é motivado por uma missão, e a natureza dessa missão é a de partilhar a Verdade e trabalhar em direção de uma evolução espiritual. Até este objetivo ser atingido, não haverá e nem pode haver cessação de nosso Trabalho e responsabilidade. Acho que se compreendermos isso, estaremos em melhor posição para compreender verdadeiramente o que queremos dizer por um período de inatividade e o que ele acarreta.

À luz disto, penso que é imperativo compreender a diferença entre a alma e o veículo (independentemente de se ele se relaciona a um indivíduo ou a uma entidade). Talvez existam muitas pessoas que, por qualquer razão, tenderão a identificar o Rosacrucianismo como o veículo. Isto é, elas pensarão mais em termos da organização do que em termos da linhagem, tradição ou missão, da mesma maneira que algumas pessoas são mais preocupadas com a sua aparência física do que com o seu estado espiritual. Quando isto ocorre, encontramos exemplos de vaidade e arrogância — isto é, “nós somos os melhores” ou “nós somos os únicos VERDADEIROS Rosa-Cruzes...” etc. Contudo, se nos concentramos em nosso Trabalho e Tradições, todas essas outras coisas parecem completamente sem sentido. Também, de uma perspectiva menos arrogante, podemos adquirir uma melhor compressão sobre a questão dos ciclos e o que se pretende que eles signifiquem.

Todas as coisas passam por fim pela transição, mas o espírito e alma são eternos e pelas Leis da retribuição e da reencarnação, irão se “reciclar” em manifestação neste estado de existência. Entretanto, a perspectiva é aqui importante e devemos nos lembrar de que só porque alguma coisa está num estado diferente não significa que não existe ou que não continue a manter uma influência. 
Com relação ao fechamento do ciclo prestes a chegar (de 1909 a 2017 ou de 1915 a 2023 conforme algumas pessoas o dataram), devemos manter em mente que elas são datas da AMORC especificamente relacionadas à organização da AMORC. Devemos nos lembrar de que a AMORC não foi a primeira e nem nunca foi a única manifestação física Rosa-Cruz, no que poderíamos chamar de ciclo moderno. Houve, por exemplo, atividade documentada na década de 1860 da qual acredito a Fraternidade Rosa-Cruz se desenvolveu. Mas, mais diretamente relacionado com as várias Ordens representadas no Fórum [Rosa-Cruz de Livre-Expressão], as Ordens que representamos se desenvolveram mais ou menos a partir de uma agitada atividade que começou em 1883 com o trabalho de Papus, Péladan, de Guaita e outros mais (que foram inspirados por Charles Nodier, Levi, Pitois, etc.). Certamente existiu uma representação ativa externa do Rosacrucianismo naquela época e que certamente influenciou o Dr. Lewis e a formação da AMORC.

A questão é que, independentemente das datas que usemos, o Trabalho continuará como sempre continuou.

P. — O que de fato acontece historicamente quando um ciclo ativo se conclui?

R. — Perspectiva é uma coisa engraçada. À medida que as coisas estão acontecendo, nós lidamos com tudo de forma rotineira e não prestamos muita atenção. Como exemplo, os impactos dos atuais acontecimentos da política [norte] americana parecerão inofensivos quando comparados ao tratamento que receberão dos futuros historiadores. A vida continua. Mas... olhe dessa forma: se aceitarmos a data de 1883 como o início da atividade externa Rosa-Cruz, então a AMORC tem estado inativa desde 1991 (que é a data na qual a AMORC se dissolveu e criou duas novas corporações; a data em que seus novos ensinamentos estavam se sendo mais claramente introduzidos; e a data em que uma nova constituição e mudanças “tradicionais” foram colocadas firmemente em vigor). A AMORC ainda continua, mas está continuando diferentemente do que era antes e não está mais trabalhando de acordo com as tradições e linhagens que a originaram — e refira-se de novo somente aos acontecimentos, ensinamentos, constituições e tradições pós 1990. Isso por si só é uma forma de inatividade.

P. — Esta foi uma excelente resposta, mas não estou certo de quanto nos ajudará a saber o que significará, especialmente para nós, quando a próxima fase inativa chegar, começando em 2017, daqui a somente 18 anos. O sr. poderia nos dar sua compreensão?

R. — Só posso falar pela Confraternidade Rosae Crucis (CR+C) e ela irá muito seguramente continuar. Ela foi planejada para funcionar de maneira mais discreta do que outras organizações Rosa-Cruzes funcionaram no passado mais recente. Mas ainda estamos crescendo e nossa força está na nossa descentralização e concentração nas tradições e nos ensinamentos e não na organização exotérica. Mesmo assim, ela está planejada para estabelecer centros no futuro, mas eles serão retiros e lugares onde os irmãos e irmãs (independente de afiliação) poderão ir para inspiração ao invés de serem centros para administração (um tipo de fórum de livre-expressão no mundo real). 

P. — Gostaria de saber o que acontecerá com os conhecidos ensinamentos dos Lewis?

R. —  Eles permanecerão disponíveis. 

P. — E sobre as monografias que possamos ter?

R. — Lembre-se do Fama [Fraternitatis] e das Leis Rosa-Cruzes do século 17. Elas são também as Leis da Confraternidade Rosae Crucis (CR+C) e o espírito que perpetuamos. Resumidamente, o que é feito com as monografias de posse individual será determinado pelo que é necessário ser feito com elas de acordo com juramentos e promessas pessoais. Isso pode ou não significar que elas devam ser devolvidas à organização que as publica. Poderia significar que sejam disponibilizadas para um Rosa-Cruz que delas precisa ou mesmo para alguém que deseje se tornar um Rosa-Cruz. Tudo depende da situação e da compreensão de que os mais profundos ensinamentos Rosa-Cruzes não estão na palavra escrita, mas no espírito inspirado pela palavra escrita.

P. — O sr. pode falar resumidamente do direito legal de propriedade e dos direitos autorais dessas monografias?

R. — O indivíduo possuindo o Ofício de Imperator e que foi selecionado pelos meios tradicionais estabelecidos pelo Pai CR+C e pela tradição praticada tanto pelo Dr. H. S. Lewis como  por Ralph Lewis e por mim mesmo e pela pessoa que me seguirá é a pessoa por direito responsável, tanto tradicional como legalmente, pelas doutrinas e rituais da Ordem. Com relação às monografias da Confraternidade Rosae Crucis (CR+C), no sentido legal, eu tenho a propriedade e possuo o direito autoral. Mas, mais importante no sentido tradicional, eu tenho a responsabilidade de garantir que elas sejam perpetuadas, fazendo de mim mais um zelador do que um proprietário. 

P. — Existirá ainda um Imperator talvez operando em segredo?

R. — Existirá ainda um Imperator, mas não acho que haverá necessidade de operar secretamente... mas pense sobre isso: mesmo agora, fora do meio Rosa-Cruz, quantas pessoas sabem o que é um Imperator?

P. — Poderia ser possível que algum dia cada um de nós estará inteiramente por sua própria conta?

R. — Em um sentido bastante importante, estamos sempre preparados para estar por nossa própria conta. Com a iniciação vem a responsabilidade e com a responsabilidade vem a necessidade. Exceto em circunstâncias extremas, a necessidade requer a unidade para melhor perpetuar o Trabalho. Em outras palavras, nós como Iniciados Rosa-Cruzes escolhemos ser uma Ordem.
É basicamente dessa forma que se pretendia que a Rosae Crucis trabalhasse. Cada um de nós tem a responsabilidade de guiar outros de mentes afins para o Trabalho, assim como ajudá-los a atingir seus objetivos. Algumas vezes a administração confunde isto, mas embora cada um de nós não ande por aí escolhendo Imperators e similares, nós realmente escolhemos sucessores de acordo com a nossa autoridade em assim fazer. Para alguns, isso significa dizer à nossa família ou aos amigos. Para outros, pode significar algo mais. 

P. — Poderá alguém ou o Cósmico nomear uma outra pessoa para fundar uma organização mundana para o próximo ciclo ativo em 2125?

R. — Há uma linhagem tradicional na qual a autoridade é transmitida iniciaticamente... mas 2125? Vamos primeiro nos preocupar com 1999, para que haja um grupo de Rosa-Cruzes em 2125 que irá se preocupar com o que fazer.

P. — O sr. é livre para discutir as diferenças entre a OMCE e a MCE da AMORC?

R. — Eu formei a OMCE em julho de 1990 e a fundei baseado numa linhagem Rosa-Cruz que adquiri fora da AMORC três anos antes de me afiliar a ela. A OMCE é uma Ordem vibrante, tem seus próprios ensinamentos e rituais totalmente sem relação com qualquer coisa que a MCE ou a AMORC tenham jamais feito. Os rituais da OMCE estão baseados no círculo. Não existem rituais na MCE (além de dramas ritualísticos) nem jamais existiram quaisquer ensinamentos.

P. — Estava RML consciente da linhagem que o sr. adquiriu fora da AMORC?

R. — Sim. Essa é uma das razões pelas quais eu o sucedi como Imperator. A CR+C é baseada na linhagem adquirida do Imperator Ralph M. Lewis assim como algumas outras coisas. Minha posição como Imperator de uma de muitas linhagens Rosa-Cruzes foi adquirida através da linhagem de RML, mas eu também tenho outra linhagem Rosa-Cruz. Talvez, o que você não saiba é que, a despeito do que a AMORC tem sustentado por todos esses anos, ela nunca foi a única Ordem ou Linhagem Rosa-Cruz legítima.

P. - O sr. está dizendo que não está fazendo uso da linhagem que adquiriu de RML como Generalíssimo?

R. — Não no que diz respeito à MCE ou à OMCE. Como tenho dito, a MCE da AMORC não era uma organização autêntica, mas uma de nome somente e que somente existia para ser um grupo honorário de membros selecionados da AMORC. 

P. — O sr. é livre para discutir a linhagem que adquiriu fora da AMORC?

R. — Sim... De fato algo disso tem sido mencionado em outras páginas da internet. 

P. — O sr. disse que a OMCE e a CR+C “reconhecem o Pai Christian Rosenkreutz como sendo o fundador do Rosacrucianismo enquanto a AMORC reconhece Akhenaton”. Harvey Spencer Lewis e Ralph M. Lewis disseram isso ou é uma nova descoberta?

R. — RML foi o primeiro a esclarecer isso quando salientou a diferença entre a história Rosacruciana alegórica e a história Rosacruciana real. No que se refere ao Rosacrucianismo, ele não existia anteriormente à sua fundação pelo Pai CR+C. Entretanto, nos inspiramos no espírito de escolas de mistério semelhantes. 

P. — Essa é uma mudança significativa e vindo do sr., o sucessor de RML, é igualmente significativa. O sr. tentou mudar essa visão enquanto ainda estava na AMORC?

R. — Sim, é e sobre isso que o golpe de 1990 realmente trata. Um mito se desenvolveu à volta da AMORC e de H. S. Lewis que não foi iniciado por HSL e esse mito criou problemas quando foi interpretado como sendo fato pelos membros. O princípio básico do Rosacrucianismo é a verdade e tentando expressar esse princípio existiram aqueles que lutaram contra ele como Christian [Bernard]. 

A entrevista continuará à medida que novas perguntas forem feitas e respondidas.
 

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© Armand P. Santucci and Linda S. Santucci *  1999

* pka Schrigner




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